Trabalhar nas agências do Itaú está ficado cada vez mais insuportável, ainda mais depois da implantação dos programas GERA, Evolui e Vai; e do aumento das metas, mesmo quando o banco alega que houve redução. É o que o movimento sindical apurou com bancários de diversas unidades.
Para se adequar à legislação, o Itaú determinou que o tempo de fila não pode ultrapassar 15 minutos para atendimento no segmento IA e Emp; e 10 minutos para o seguimento Uniclass e Personnalité. Só que, neste tempo, os bancários precisam oferecer produtos para os clientes. Ao atender o cliente no caixa, há a oportunidade de fazer negócios, onde é necessário tempo para explicar o produto ao cliente, o que demanda tempo.
Com isso, ou o bancário cumpre tempo de fila, ou vende o produto. E se o funcionário tenta vender o produto, estoura o tempo de fila. Mas, se cumpre o tempo de fila, perde a venda.
E um dos itens do GERA é justamente a contabilização do tempo de espera na fila, mas o Itaú mudou este parâmetro na segunda semana de junho, sem aviso prévio, o que vai prejudicar a performance dos funcionários.
VAI (perder o emprego se não fizer 30 contatos por dia)
Além disso, o Itaú implantou um programa chamado VAI, por meio do qual os bancários devem fazer 30 contatos por dia. As ligações não completadas não são computadas. Dos 30 contatos, obrigatoriamente oito ligações pela VAI devem ser efetivas, ou seja, o cliente aceitou ou recusou a ligação. E do total de oito, ao menos três precisam se converter na venda de algum produto.
Gestores ameaçam que a empregabilidade do bancário que não atuar na VAI estará em risco.
Metas no Itaú sobem, mesmo quando banco alega redução
Além disso, o Itaú alegou uma redução das metas em junho. Mas, com base nas informações passadas por bancários, o movimento sindical fez um cálculo comprovando o contrário: que houve aumento das metas. Veja abaixo.
Item Proteção: seguro que ponderava 10 caiu para 2; seguro que ponderava 5 caiu para 1. Em contrapartida, uma meta de 22.000 precisaria de 22 seguros de 100 X 10 = 1.000 X 22 = 22.000. Essa meta agora é 6.000, com um seguro de 100 X 2 = 200 X 30 = 6.000. Então são necessários 8 seguros a mais.
Nesta simulação, houve um aumento das metas em torno de 36%. Representantes dos trabalhadores apuraram que na maioria das agências o aumento do item girou em torno de 30% para cima.
Evolui: justificativa para demitir
Nas agências existe uma ferramenta de avaliação chamada “Evolui”, por meio da qual os gestores avaliam os seus funcionários nas reuniões, baseados em eixos: X (vendas) e Y (a maneira como os colegas o avaliam). Com base nestes quesitos, os bancários são classificados em três quadrantes: “abaixo do esperado”, “dentro do esperado” e “acima do esperado”.
A pontuação máxima em cada um dos eixos é 5, mas o bancário é automaticamente classificado como “abaixo do esperado” se não tiver a certificação CPA, ou se o gestor “entender” que quer colocá-lo como abaixo do esperado, mesmo que pontue próximo de 5 nos eixos. É uma avaliação subjetiva e uma justificativa para demitir”.
Remuneração variável inatingível
Dentro do Programa GERA, o Gerente Geral Agência (GGA) e o Gerente de Agência (GA), poderão ganhar, a título de remuneração semestral, um valor determinado para cada cargo. Só que os gerentes ouvidos pelo Sindicato afirmam que pouquíssimos gerentes irão conseguir essa remuneração semestral, porque além de terem de atingir 1.200 pontos no programa mensal, ainda precisarão cumprir a porcentagem semestral exigida em cada item do GERA que, em alguns deles, chega a 200%. Ou seja, parece algo interessante na regra, mas inviável para a grande maioria na prática.
O aumento de metas vem ocorrendo em meio ao fechamento de agências e da redução de postos de trabalho nas unidades que ainda permanecem em funcionamento.
Vale ressaltar que o movimento sindical e o banco estão criando um grupo de trabalho para discutir e entender ponto a ponto o programa GERA, com a possibilidade de construir um Acordo Coletivo de Trabalho justo e que contemple todos os trabalhadores.
Fonte: Seeb SP
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