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“Só as mulheres podem garantir suas conquistas”, garante Dilma Rousseff

A ex-presidenta e a deputada Maria do Rosário discutem a pauta de luta das mulheres em debate mediado pela presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira



Na terça-feira, 8 de março, no Dia Internacional da Mulher, a presidenta da Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, coordenou a live Representação e Violência Política de Gênero, num debate com a ex-presidenta da República Dilma Rousseff e a deputada federal e ex-ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário. O evento, transmitido pelo Instituto Lula, teve também a participação de várias professoras universitárias e militantes e representantes do movimento feminista do Brasil, que trouxeram os temas para a discussão. Entre elas, estavam Ana Paula Guidolin, mestranda em economia pela Unicamp; Waleska Batista, doutoranda em Direito pelo Mackenzie; Beatrice Weber, economista; Helga Almeida, professora da Univasf; Nádia Garcia, secretária nacional do PT; Nilce Aravecchia, professora da FAU-USP; e Rosemary Segurado, cientista política da PUC-SP. No debate, Dilma e Maria do Rosário comentaram questões fundamentais para a luta das mulheres no cenário político atual. A ex-presidenta ressaltou pontos estruturais que sustentam a violência de gênero contra a mulher. “É que existe uma pele sobretudo cultural, uma visão do papel que a mulher ocupa na sociedade patriarcal. Essa questão da mulher pode ser transformada, pois não é biológica, não é natural”, disse. Para Dilma, ainda que a discriminação contra a mulher ocorra em todo o mundo, esse processo “é mais perverso e mais radical na América Latina, onde houve colonialismo e escravidão antes do liberalismo”. Ela também lembrou que, no Brasil, alguns números estatísticos mostram claramente a dimensão dos problemas sociais enfrentados pela mulher. Dilma então usou o exemplo do desemprego: “A taxa geral é de 12,4%; mas a de homens é de 10,1%, a de mulher é de 15,9%, e a da mulher negra vai para 18,9%, sem contar que a mais desempregada no Brasil é a mulher indígena”. A ex-presidenta observou que “quando a mulher sai do espaço privado, o espaço que o patriarcalismo destinou a ela, e vai para o espaço público, ela tem que estar subordinada de uma forma qualitativamente mais destituída, e não tem acesso a todos os tipos de trabalho; na política isso é ainda mais grave, por que vai mexer nos processos de transformação que estão sendo mantidos por uma estrutura de poder”. Exatamente por isso, Dilma incentivou com ênfase a mobilização da mulher: “Temos de lutar por nós mesmas. É fundamental o empoderamento, pois só as mulheres podem assegurar para si mesmas as conquistas; os homens podem ajudar nessa luta, mas o protagonismo tem de ser da mulher, por isso ela tem que ter um papel na política”. Na avaliação da deputada Maria do Rosário “o Brasil não ultrapassou o ciclo colonial. A violência contra trabalhadoras e trabalhadores é quase uma continuidade do tempo colonial, e as elites brasileiras não trabalham com a ideia da soberania nacional, da cidadania”. Para ela, “no golpe de 2016, o uso da questão gênero se dá para retirar alguém do poder que tinha um projeto soberano, a misoginia se dá contra nós por que assumimos uma postura de classe. Eles criam uma forma da mulher dentro do patriarcalismo, e nesta forma não cabem as mulheres negras, as da periferia, as 18% de desempregadas, por que eles naturalizam a fome, o feminicídio, o desemprego”. A ex-presidenta também ressaltou que a violência de gênero é uma ferramenta de classe: “A fala contra mim não era só pelo fato de eu ser mulher, mas por ser mulher e ter um projeto. Se comigo, a sintaxe foi ‘Olha, é mulher’, com o presidente Lula foi que ele era operário; eu me lembro da surpresa quando na mídia internacional foi noticiado que o Obama disse ‘Ele é o cara!’”. A ex-presidenta também avaliou o difícil quadro político atual do Brasil. Ela antecipou que “2022 vai ser um ano muito difícil, que vamos ter que enfrentar muita fake news. A primeira vítima é a verdade, o primeiro fato a morrer é a verdade. As versões têm um objetivo político, que é defender o indefensável. Qual é a maior fake news? O Auxílio Brasil, que dura só até a eleição.” Dilma lembrou também a “quantidade de boiada passando, o que é perigosíssimo para o país. O Temer já tinha tirado o povo do orçamento por 20 anos; agora a gente vê o Brasil sendo transformado em algo que não é nem presidencialista nem parlamentarista, em que um deputado define sozinho um montante do orçamento. Tudo isso contribui para criar um clima muito turbulento. Nossa ação vai ter que ser bastante esclarecedora”. Assim, Dilma reforçou que em 2022 será determinante “impedir que a verdade seja assassinada, é esse o principal objetivo da propaganda do Bolsonaro e do governo dele”.


A live tratou ainda de muitas outras questões relacionadas à luta da mulher e pode ser vista abaixo:


Fonte: Contraf-CUT



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